segunda-feira, 21 de janeiro de 2008


Mar que me embalas
No berço das tuas marés,
Como uma mãe
Recusando-se libertar o filho,
Envolvendo-o então num abraço
Cheio de carinho e possessão.
Não te esqueças que ainda não esqueci
que no meu Sangue corre Fogo!

Dor que permaneces na alma:
Porque não te leva o vento
para outras paragens?
Que dor levou o vento para outars paragens?
Mar e silêncio
Ao meu redor,
Enquanto o Inverno
Desce o seu agasalho sobre mim.

Os meus olhos entreabertos
Aguardam pelo erguer do Sol
E emocionam-se com a brisa fresca,
Que traz recordações da infância
De que o corpo não se recorda.

Olho para o horizonte
E encontro o meu lugar:
Entre a terra e os céus,
À medida que os barcos se despedem.

in Poemas anónimos de Luís Couto







Pilhas Duracell






"E não sinto que me tenhas enganado quando prometeste amar-me eternamente: só quando a eternidade do teu amor expirou é que deixaste de me amar. Cumpriste. Mas tenho pena, acho uma grande maçada, lamento imenso, que as eternidades não venham aos pares. Ou melhor, que a eternidade de dois corações se funda num só, comum, que era para evitar a situação desagradável - sem grande piada, desnecessária - de expirar uma e a outra continuar a bater tambores como naqueles anúncios de pilhas: o amor é eterno enquanto dura e o meu dura, dura, dura muito para lá da eternidade do teu. Sabes, é curioso como pressinto o desfasamento das eternidades, muito antes de elas serem óbvias: no teu caso, comecei a cheirar-te a distância com a mesma facilidade com que dantes te cheirava os cabelos - ela a proximar-se e eles a afastarem-se."

de António Gregório em Uma história de desamor treze vezes.

domingo, 20 de janeiro de 2008

Laços

"Mas, se tu me prenderes a ti, passamos a precisar um do outro. Passas a ser o único no mundo para mim. E, para ti, eu também passo a ser a única no mundo...
- Sabes, há uma certa flor... tenho a impressão que estou preso a ela.
em O Principezinho de Saint-Exupery

O que irá aparecer depois da curva?

Hoje quero o Sol, os prados, as fores e o mar...

Ah! Querem uma luz melhor que
a do Sol!
Querem prados mais verdes do que estes!
Querem flores mais belas do que estas
que vejo!
A mim este Sol, estes prados, estas flores
contentam-me.
Mas, se acaso me descontentam,
O que quero é um sol mais sol
que o Sol,
O que quero é prados mais prados
que estes prados,
O que quero é flores mais flores
que estas flores -
Tudo mais ideal do que é do mesmo modo e da mesma maneira!
de Alberto Caeiro em Poemas Inconjuntos




domingo, 13 de janeiro de 2008

Cada dia é um novo dia



O sol é um presente que a aurora traz especialmente para cada cada um de nós , como diz o músico.


terça-feira, 8 de janeiro de 2008

TERRA DOS SONHOS

Se queres ver o mundo inteiro à tua altura
tens de olhar para fora sem esqueceres que dentro é o teu lugar
e se às duas por três vires que perdeste o balanço
não penses em descanso, ele está ao teu alcance e tens de o reencontrar

Na terra dos sonhos podes ser quem tu és...

Foto de JEC
De Jorge Palma extraído da letra da música TERRA DOS SONHOS do album SÓ

Tenho a sorte de viver na Terra dos sonhos e poder ser quem realmente sou!

Este extracto da letra do Jorge Palma surge no seguimento dos textos que vinha colocando.

Além disso é uma provocaçãozinha, que não pude deixar passar, para o pessoal do SAM.;)))))

sábado, 5 de janeiro de 2008

by Paulo Medeiros


Os meus horizontes





Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo...



Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer



Porque eu sou do tamanho do que vejo



E não do tamanho da minha altura...





in O Guardador de Rebanhos (1911-1912)de Alberto Caeiro





Não, não me quero comparar ao poeta em tamanho.
Fiquei na ilha, e encontro a minha paz, na linha do horizonte azul, que sempre vejo.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008










by JEC


Retrato Talvez Saudoso da Menina Insular

Tinha o tamanho da praia

o corpo era de areia.

Ele próprio era o início

do mar que o continuava.

Destino de água salgada

principiado na veia.

E quando as mãos se estenderam

a todo o seu comprimento

e quando os olhos desceram

a toda a sua fundura

teve o sinal que anuncia

o sonho da criatura.

Largou o sonho nos barcos

que dos seus dedos partiam

que dos seus dedos paisagens

países antecediam.

E quando o seu corpo se ergueu

Voltado para o desengano

só ficou tranquilidade

na linha daquele além.

Guardada na claridade

do olhar que a retém.


Natália Correia


Não parti como a escritora. Fiquei por opção, nesta terra que considero minha mãe. É nela e com ela que sonho...
O meu retrato não será saudoso da ilha, talvez o seja da menina que fui.