É tempo de cultivo, de abrir espaços para que a vida possa renascer sem limites. Cada movimento da picareta, cada cavadela de enxada, é mais um passo para a Primavera. Há um tempo para tudo, porque tudo nada mais é do que nada, e sendo assim, levantemos âncora, não há terra à vista, mas os sinais surgirão, há sempre um corvo chamado Vicente.
"Senhora da Manhã Vitoriosa
E também do crepúsculo vencido
Ó Senhora da Noite Misteriosa
Por quem andas nas trevas confundido"
(Teixeira de Pascoaes)
É preciso aceitar que a Primavera vem quando está pronta, por mais que se marquem datas. Atravessado o Nigredo, há ainda um caminho até à Aurora, um longo momento de existência numa espécie de Limbo. Mas a Vida rebenta no Hemisfério Norte, e o nevoeiro desvanece-se na floresta, quando nos achamos, em plena manhã, numa clareira cheia de luz. É tanto o Silêncio que se ouvem as folhas despontar; outras, mais apressadas, como as Magnólias, florescem primeiro, o verde surge à medida que as flores secam: é um Outono ao contrário...
Somos árvores; e cada uma tem as suas próprias existências e exigências. Não se pode contrariar a Natureza, pretendendo que um cacto perdure no gelo, ou um feto-arbóreo nas areias quentes dos trópicos. Dentro de nós mesmos, temos a sabedoria de - ao menos - percebermos quando não é possível.
Nature contains Nature, and Nature Rejoices in Nature.
De
moira encantada, que me tem acompanhado do ouro lado do Atlântico