sábado, 13 de setembro de 2008

ETERNAMENTE



Sabes, quem não acredita em Deus, acredita nestas coisas, que tem como evidentes. Acredita na eternidade das pedras e não na dos sentimentos; acredita na eternidade da água, do vento, das estrelas. Eu acredito na continuidade das coisas que amamos, acredito que sempre ouviremos o som da água no rio onde tantas vezes mergulhámos a cara, para sempre passaremos pela sombra da árvore onde tantas vezes parámos, para sempre seremos a brisa que entra e passeia pela casa, para sempre deslizaremos através do silêncio das noites quietas em que tantas vezes olhámos o céu e interrogámos o seu sentido. Nisto eu acredito: na veemência destas coisas sem princípio nem fim, na verdade dos sentimentos nunca traídos.
E a tua voz ouço-a agora, vinda de longe, como o som do mar imaginado dentro de um búzio. Vejo-te através da espuma quebrada na areia das praias, num mar de Setembro, com cheiro a algas e a iodo. E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente.
in "Não te deixarei morrer, David Crocket" de Miguel Sousa Tavares
Por falta de disponibilidade tenho andado afastada deste e dos vossos espaços. Quando tudo voltar aos seus devidos lugares retomarei as minhas visitas de que tanta falta sinto.

sábado, 6 de setembro de 2008

SEM NEXO



Palavras
naufragadas no cérebro
silêncio branco
sem ondas
liso
Palavras
presas nos dedos
folha limpa
sem uso
lisa