- Tantas bonecas novas! - exclamou a menina de olhos brilhantes e abertos de espanto. Parara à porta da sala, não se atrevendo a entrar. Incrédula olhava as lindas bonecas cuidadosamente dispostas por toda a sala. Só depois reparou no Pai Natal ali mesmo ao lado com um saco cheio de prendas, embrulhadas em papéis coloridos, para a pequenada.
Esta é a recordação que conservo do meu melhor Natal enquanto criança. O impacto da imagem das muitas bonecas (provavelmente não eram assim tantas) espalhadas pela sala foi tão forte que quando relembro aquele Natal a imagem que me surge é a das bonecas, que apesar de saber que eram as minhas bonecas antigas lavadas, penteadas e vestidas com roupas tricotadas e costuradas pelas mulheres da família, durante muitos anos recordei como sendo novas. Os presentes trazidos pelo Pai Natal naquele ano foram relegados para segundo plano.
A preparação para o Natal na minha família começava muito cedo. Muitas das ofertas eram realizadas pela minha mãe, pela minha avó e pelas minhas tias. Era um tal tricotar, costurar, bordar: faziam-se camisolas, bordavam-se biscoiteiras, toalhas, confeccionavam-se cortinados, mantas, naperons para a casinha das bonecas, faziam-se palhaços em lã e bonecas de trapos... enfim era uma azáfema em que os crescidos além de pretenderem surpreender as crianças, procuravam surpreender-se uns aos outros. Depois era a altura de confeccionar os bolos, fazer os torrões de amendoim e açucar, fritar as favas e o grão-de-bico. Apanhavam-se no jardim ramos secos, folhas e pinhas que eram pintados e dispostos em arranjos que decoravam as mesas. A casa cheirava a criptoméria e a bolos de fruta. Todas as tarefas eram realizadas em família e por todo o lado ouvia-se a minha mãe a cantar músicas de Natal. Tudo era preparado com antecedência e cuidado para que quando chegasse a grande noite de vissem os olhos das crianças a brilhar e se ouvissem as suas exclamaçoes de alegria.
Com o passar dos anos o Natal foi perdendo devagarinho o seu brilho. Primeiro deixei de acreditar no Pai Natal, depois a família afastou-se geograficamente e finalmente perdi a fé no Menino Jesus. Hoje não celebro uma festa católica, comemoro o nascimento de um ser humano maravilhoso, que em tempos acreditei ser Deus. Hoje celebro a festa do AMOR.
Agora cabe-me a mim trazer alguma da magia que vivi para a minha casa, é a minha vez de fazer brilhar os olhos dos pequeninos.
13 comentários:
Mas são as recordações que te ficaram da infância que te permitem agora, passar a magia aos pequeninos.
Beijinhos linda Sunshine
O Natal só faz sentido se estivermos junto de quem mais gostamos. Isso é a verdadeira magia do Natal, celebração da família.
beijinhos
Era outra magia...
Eram outros cheiros...
Ai que saudades do cheiro...
...das mandarinas...
...das tangerinas...
...da criptoméria
...dos bolos da minha avó!!
Ai que saudades...Também quero trazer um pouco destes cheiros à minha menina...
Beijos e um bom natal, recheado de cheiros...
Sani
Agora é a nossa vez de fazer do Natal uma noite inesquecível, herdamos esse bom costume...
Noite de recordações que os rostos felizes nos fazem sentir.
Beijo Nocturno
O Natal é mesmo festa de amor... parabéns pelo fascínio deste post e
Beijinhos das nuvens
O Natal fonte de terna inspiração...
Doce beijo
O bom mesmo desta época é reunir a família e acho que é disso que vou sentir falta este ano.
Bjs moça e,
O antigo blog O AveSSo dA ViDa agora se chama dogMas.
Novo Dogma:
doM...
dogMas...
dos atos, fatos e mitos...
http://do-gmas.blogspot.com/
haja de facto, Natal!!
beijão grande em ti amiga
São as recordações de infância que alimentam, durante muitos anos, o espírito de Natal. Quando, por qualquer circunstância não a conseguimos transmitir aos descendentes, ou a perda de quem nos transmitiu esse espírito se torna uma realidade, o brilhozinho nos olhos vai estiolando até desaparecer. É pena, mas é assim...
Não aprecio o NAtal; é para mim apenas mais um dia, mas fico emocionada com o que a época pode fazer para muitos - crianças e não só.
bjs
Shunshine,
Como você disse (no blog Violeta) que gostou do meu poema MUDE, vim te agradecer.
Mude,
mas comece devagar,
porque a direção é mais importante que a velocidade.
Se puder, veja o vídeo Mude.
Abraços, flores, estrelas..
O que te desejo neste Natal?
Que faças alguém Feliz.
Se o conseguires, estou certo,
sentir-te-ás Feliz em dobro e, vê lá tu, a Felicidade ficará distribuída por mais do que uma só pessoa.
Mais, essa Luz poderá transformar-se num acontecimento em "cadeia" e levar a alegria a muitos mais...
Pensa nisso.
Natal, acredita, é... Agir.
Sê Natal.
Francisco Moreira
Feliz Natal!!
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