Os traços parecem-me familiares.
É um rosto que surge do passado, do tempo em que quase não tenho memória.
Olho atentamente, é um rosto de criança, os olhos inocentes brilham confiantes, o sorriso baila nos lábios... é um rosto terno e traquinas, como só quem ainda viveu pouco consegue ter.
Há muito que não via aquele rosto e a memória atraiçoa-me.
Será que já fui assim?
Será que já rebolei na erva fresca manchando a roupa da cor da esperança, corri atrás de borboletas como quem corre atrás de sonhos, será que pintei o mundo de todas as cores (menos preto - é que o preto não é uma cor para as crianças)? Será que brinquei com bonecas fingindo estar no mundo dos adultos? Esta imagem fez-me chegar recordações, mas são tristes, sim brinquei, brinquei demasiado ao mundo dos adultos.
A príncipio foi engraçado fingir que conhecia os seus segredos...depois desiludi-me com aquele mundo de cores desbotadas (como as cores das roupas que vão muitas vezes a lavar e a secar), deixei de poder correr nos campos, esqueci-me das minhas gargalhadas ... a vida, via-a a preto, branco e cinzento, em alguns dias. Sim, foi isso, que me fez ficar cansada, estava a brincar ao faz de conta e aquele mundo, sem eu saber como, tornou-se o meu. Triste, sem saber o que fazer, adormeci e deixei-me ficar a dormir...
Olho novamente o espelho, o rosto continua lá ... lembrei-me ... aquele rosto é o rosto da criança que tinha adormecido no meu coração. Agora estava acordada e fitava-me com seus olhos felizes, tinha descoberto que não tinha que entrar naquela brincadeira sem graça dos adultos e estendia-me a mão. Agarrei -a com força e deixei-me conduzir por ela: as gargalhadas voltaram a ouvir-se, rabiscamos as paredes de todas as cores, fomos para o alto da colina e deitamo-nos. Olhamos, o céu azul com as suas nuvens de algodão e vimos o nosso castelo. O Sol tocava-nos com os seus raios e rebolamos colina abaixo de olhos abertos: verde, azul, verde, azul, verde, azul, eram as cores que víamos e o cheiro a terra inundava-nos a alma. Soube que nunca mais nos iríamos deixar!
12 comentários:
E espero que continues assim com a memória bem avivada :)
beijinho e um excelente dia!
é bom deixar viver a criança dentro de nós :))))
Beijosssssssssss
E não é por acaso que quando nos perguntam quais os melhores momentos da nossa vida, um dos que dizemos é quase sempre a infância feliz que tivemos.
nem imaginas como me revi no teu texto...nem imaginas os sentimentos escondidos que começaram a fluorescer com as tuas palavras como gotinhas de chuva em deserto árido..dou por mim muitas vezes em frente ao espelho a tirar a maquilhagem, esfrego os olhos, os lábios com muita força..e mesmo assim raramente me consigo encontrar.
PS: é claro que não fiquei magoada com as tuas palavras..não era muito perceptivel a ligação dos dois textos.
Beijinhos!Muitos!
Oi...
Cheguei cá através do blog da carvoeirita...Gostei das tuas palavras e da forma como escreves...
Beijinho:)
Olá!
infãncia... feliz, sempre importante, para o nosso presente.
Beijocas
Bom feriado
Sunshine kerida! gostàva de lhe dizer...koisas...mas estou kansàdo...de ser adulto. Estou kansàdo de ser seguido pela minha sombra, ke apenas me faz...ver ke sou adulto. Un sentimneto de kontrariadàde envolve-me a alma kontente de kontinuar a ser a minha alma de kriança en ponto grande, kom olhos maiores...mas estou mesmo...kansàdo, kansàdo de ver o mundo dos grandes, e nén me dei konta komo kà xeguei. Mas sei ke nã me sinto bém!
un abraço provokactor
Olhamos sempre para a infancia e sentimos falta daquela inocencia... Trazia cor e felicidade, mesmo em situações menos boas...
***MUAH***
Olà Sunshine!!!
é você na foto???
Wààààuu!!!
En todo o kàso, a menina da foto, põe un provokactor a trabalhar...na mente.
un abraço e pàsse là...nos parallaxe's à novas, vindas d'à tempos, en ke provokactor éra kriança.
provokactor'mente seu.
Um belissimo texto poético no retorno aos dias azuis...
Doce bejio
oioi
ao ler parece que me estava a ver ao espelho.. a retratar me como autora do teu proprio texto.. a identifcar-me ..
apensar da mnh infancia nao ter passado a muito tempo.. ou realmt inda n ter passado.. sinto qe muitoja se perdeu.. despreocupacoes, brinkcadeiras na terra, na lama , roupa suja..partidelas na cabeca... aiaiai
perdida em recordacoes.. as vezes sabia bem trazer aqueles momentos para o presente ou mesmo regressar ao passado.. um bjo
O texto trouxe-me a memória de estar deitado na relva, de costas, num dia de Junho com um sol maravilhoso, olhando o azul do céu :)
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